OFININA
SOBRE
GÊNERO E RELAÇÕES DE PODER: A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NA LUTA SOCIAL
No dia 11 de dezembro no assentamento Roseli
Nunes aconteceu a 3ª oficina sobre Direitos Sociais do Campo, com o tema: GÊNERO E RELAÇÕES DE PODER: A PARTICIPAÇÃO
DAS MULHERES NA LUTA SOCIAL. As oficinas fazem parte do projeto de
elaboração de cartilhas, para a formação das famílias acampadas e assentadas
ligadas ao MST. Os temas abordados nas oficinas têm como objetivos a atenderem
a realidade das pessoas do campo. Inicialmente é necessário retratar a historia
da luta pela Terra. O próprio nome do assentamento, já traz consigo a luta de
uma grande mulher que lutou incansavelmente pelo direito a terra. Roseli Celeste Nunes da Silva nasceu em
1954. Rose, como era chamada,
era descendente de índios e colonos, cresceu no trabalho com a terra e
participava junto com seu marido e filhos, pois sabia que seu futuro e o
de seus filhos dependiam da conquista de um pedaço de chão para trabalhar, ou
então teria que viver como indigente na cidade. Roseli Nunes foi
assassinada no dia 31 de março de 1987 atropelada por um caminhão, que se
lançou contra a marcha dos Sem Terra, deixando vários feridos e seu corpo
a beira da estrada. Rose hoje é um símbolo para a luta de todos os Sem terra e
para o povo brasileiro. Teve sua vida encerrada com apenas 33 anos. O marcante é que a historia de Roseli e de
tantos outros lutadores, são recontadas e reforçadas pelos passos de cada militante, que defende a causa da luta como
ela fez, de forma corajosa, firme e batalhando sempre para alcançar o que
desejam.
O assentamento Roseli Nunes tem a presença de mulheres
batalhadoras e que buscam sempre reivindicar a ativa participação e espaços na
luta. A oficina contou com grande participação dessas mulheres, que nos relatos
reafirmaram que a vida delas é uma luta diária, em que elas não se cansam de
atestar, que devem sim desfrutar dos mesmos espaços que os homens, que as
mulheres como lideranças deve ser uma realidade comum, e que devem ser respeitadas
pelo trabalho que realizam, da mesma maneira que homens e que não deve existir
hierarquia de gênero. Cada um tem o seu valor, e elas lutam diariamente pra
conscientizar sobre estes valores e princípios.
A
Participação das Mulheres na Luta Social levou a um caminho que não foi
planejado, mas extremamente importante, que foi a partir dos debates,
explanações, as mulheres concluíram que é relevante fortalecer o grupo de
mulheres e fundar um coletivo em que direcione e fortaleça a questão da formação
política das mulheres em conjunto com as atividades de descontração, para
despertar o interesse de todas as mulheres assentadas. Elas se reuniram e
decidiram promover o “chá com bolo”
que será um encontro das mulheres assentadas do Roseli Nunes, que vai contar
com debates teóricos e uma tarde de beleza, e também cada uma levará comida e
bebida, que saibam fazer, e a noite um baile dançante para interação e
fortalecer os laços entre elas mesmas. A nossa oficina se encerrou com uma
frase, que resume o objetivo da luta das mulheres, que reforça os pés na terra
e a garganta no mundo, gritando e deixando todos ouvirem as vozes das
revolucionárias, ecoando em toda parte.
Oficina
da juventude
Por sua vez no dia 12 de dezembro foi ministrada a oficina
sobre a juventude no assentamento Roseli Nunes, e os jovens mostraram uma grande
participação. Mediante aos debates, ficou de encaminhamento que os jovens iriam
se organizar, para promoverem encontros freqüentes entre eles, e assim
discutirem temas da juventude, do movimento e priorizando a inserção deles na
direção do assentamento. Considerando que uma das reclamações gerais, é que os
jovens só precisam de oportunidades. Os próprios jovens que encaminharam a
formação dessa frente de organização. E isso foi gratificante, pois a oficina
despertou em cada um deles a vontade mais viva de lutar, de participar e de
fazer a diferença. A juventude é o diferencial, porque ela não tem medo de
tentar, e é se arriscando que se conquista o novo.